Com a presente exposição Regina da Costa Val revela quão grande é seu instinto artístico, próprio de artistas realmente talentosos. Ela segue um curso dos mais difíceis em sua produtividade artística, como seja o expressionismo. Ela procura e consegue, recriar visões subjetivas em forma perceptível, representar esteticamente os sentimentos profundos do ser humano e transmitir sua compreenção através e uma linguagem pictórica de alto valor artístico.

A força criativa de Regina se manifesta pelo vigoroso ritmo do traço de seu método de pintar e pelo tratamento da cor de seus quadros. Dois componentes fundamentais para que uma pintura adquira o status de uma obra de arte. Ela usa a tinta com gosto e sensibilidade, os traços dos contornos de cada um de seus quadros apresentam um ritmo próprio, em concordância com a estrutura interna e externa da obra. As curvas que predominam em seus trabalhos exalam uma energia misteriosa sensual-genésica que nos remetem à linha geodésica que configura a estrutura do universo: a unidade cósmica-humana.

A composição cromática predominante em suas telas é simples, mas revelam uma grande expressividade pictórica. Esse feito, ela consegue graças à sua capacidade de exaurir através de seu pincel, todo potencial energético contido na cor, numa gradação de intensidade cromática correta. Regina, obedece à regra estabelecida pelo crítico de arte Hsieh Ho, chinês, século V, que reza: "Cada objeto tem sua cor apropriada. As cores usadas numa pintura devem sugerir a natureza do que é apresentado".

Algo que o pintor consegue fazer a não ser intuitivamente, na proporção de sua capacidade criativa.

Regina é uma eximia pintora expressionista. Dificilmente vamos encontrar uma tão extensa e profunda obra referente à figura humana em seu mundo subjetivo, imerso na profundidade de seu eu. Ela se dedica a objetivar artisticamente o abismal mistério de um olhar humano. Seu expressionismo se manifesta através de formas rítmicas distorcidas e, de intensidade emocional que expressam uma comovente angústia, instigando-nos não à comiseração, mas à solidariedade. Com Regina, aprendemos que o rosto conversa e exprime toda riqueza infinita da subjetividade humana.

Seus quadros fogem da beleza padronizada, à primeira vista, pode inclusive provocar alguma estranheza por parte do observador, mas trata-se de uma reação instantânea, pois é necessário para uma absorção estética, uma observação mais acurada, permitindo a detecção da imensa beleza espiritual que seus trabalhos revelam. Henry Moore ao se referir ao problema da beleza afirmou:

"Existe uma diferença de função entre a beleza da expressão e o poder de expressão. A primeira visa agradar os sentidos, e a segunda, tem uma vitalidade espiritual". O poder de expressão da obra de Regina se encaixa na vitalidade espiritual a beleza mais profunda.

ISAÍAS GOLGHER

Historiador e Crítico de Arte