Vigorosa e compulsiva, a pintura de Regina da costa Val traz a público um relato de certas situações típicas dos conflitos cotidianos de alguns seres humanos marginalizados.

São figuras extremamente sarcásticas. Todas elas riem – o que não é muito comum nas artes plásticas – talvez de si próprias ou das situações a que se viram levadas pelos imperativos de uma sociedade complexa e desigual.

Uma delas, no auge da angústia e do desespero, chega à gargalhada – o que é muito bem representado pelo momento mais forte do expressionismo gerado pela gestualidade da artista. Pelas mesmas razões essas figuras se contorcem e se partem em pedaços ante o prato vazio, que o artista, também ironicamente, denomina "O prato do Dia".

No enfoque dessas impressões fortes, Regina da Costa Val valoriza ainda a intensidade dramática da expressão, quando a põe em contraste com a maciez da textura e dos tons claros e neutros, com que trata respectivamente as figuras e os fundos.

Do resto é uma pintura agradavelmente rude, de considerável exuberância plástica e profunda essência expressiva, além de comprometida com o comportamento contemporâneo.

Mari’Stella Tristão

Crítica de Arte

Do "Estado de Minas" – Belo horizonte